3 Gerenciamento de Referências e Bibliotecas
Existem mais de 30 diferentes1 gerenciadores de referências (Proske et al., 2023). Entre eles podemos indicar o Citavi e o RefWorks. No entanto, os mais populares são o EndNote, Mendeley e Zotero. O primeiro é proprietário e descartamos enquanto opção para nosso workflow de Open Science. Os dois últimos são excelentes opções, no entanto, o Zotero se destaca por ser código aberto (totalmente gratuíto), enquanto o Mendeley, embora gratuito, é propriedade da Elsevier, uma editora comercial. Isso significa que o Zotero não tem restrições de uso e não exige pagamento por recursos adicionais, exceto por maior armazenamento na nuvem, que inclusive, é um destaque do Mendeley (2Gb vs 300Mb).
Além disso, o Zotero tem uma comunidade ativa e fóruns de suporte, o que pode ser útil para solucionar problemas e compartilhar conhecimento com outros usuários. Portanto, como aqui valorizamos a liberdade de código aberto e uma comunidade engajada, o Zotero é nossa escolha.
Essa característica faz com que o Zotero se destaca em relação ao Mendeley, especialmente no que diz respeito ao Ecossitema de Plugins. O Zotero possui uma comunidade ativa de desenvolvedores e pesquisadores que criam e compartilham plugins. Esses plugins estendem as funcionalidades do Zotero, permitindo personalizações específicas e integrações com outras ferramentas (Behera & Jain, 2023). O plugin Better BibTeX, por exemplo, oferece recursos avançados de exportação e formatação de bibliografias, tornando-o uma escolha popular para usuários que trabalham com LaTeX, Markdown, HTML, e outras linguagens de marcação. Outro exemplo é o ZotFile, que permite gerenciar anexos de PDFs, renomeando arquivos automaticamente e organizando-os em pastas específicas (Behera & Jain, 2023). Assim, poderás estender o armazenamento do Zotero de 300Mb para o limite de seu serviço de armazenamento na nuvem (Google Drive, OneDrive, Dropbox, etc.)2.
Nesse sentido, uma recomendação importante é não deixar de dar uma olhada no página de plugins do Zotero no site oficial e uma busca por Zotero no Github. Com certeza você vai encontrar uma solução (plugin) interessante para potencializar as funcionalidades do Zotero. Algumas delas veremos ao longo do curso.
A mensagem principal que pretendemos passar no curso sobre esse tópico é para você conceber os gerenciadores de referências e bibliotecas no contexto do processo de escrita, e não apenas como facilitadores operacionais (“time saver”) de citações e bibliografias. Somente usuários avançados podem aproveitar o suporte que a maioria dos sistemas de gerenciamento de referências oferece para o processo de escrita (Proske et al., 2023).
Atualmente, gerenciadores de referências mais populares oferecem funcionalidades básicas, que incluem:
Recursos para coletar referências com textos completos e organizá-las em pastas e/ou (sub)coleções;
Marcar entradas de referência, fazer anotações e destacar o texto completo por meio de visualizadores de PDF integrados;
Citar referências em diferentes estilos de citação por meio de complementos para software de processamento de texto ou criando e atualizando automaticamente arquivos BIB para outras linguagens de marcação;
Sincronizar referências entre o aplicativo de desktop e a versão móvel, bem como entre diferentes computadores; e
Compartilhar referências com colegas (Proske et al., 2023)
Esse conteúdo é abordado em detalhes no trabalho de Thomas (2023), e veremos algumas dessas funcionalidades básica na aula, no entanto, daremos ênfase no Ecossitema de Plugins do Zotero.
Para um curso mais aprofundado sobre o Zotero, recomendamos a playlist de vídeos Zotero do Zero da Biblioteca Ciências da Saúde UFES. Neles, você aprenderá praticamente tudo o que precisa saber para utilizar o Zotero de forma nativa, com muitas dicas ocultas e truques, e ainda, como instalar e configurar alguns plugins.
Esta lista no Wikipedia, que é atualizada constantemente, faz uma comparação entre eles.↩︎
Outro importante plugin é a integração com o SciHub (Behera & Jain, 2023). Coloquei essa informação em nota, pois ele é questionável do ponto de vista ético, apesar de extensivamente utilizado no Brasil por estudantes de pós-graduação stricto sensu de diferentes áreas (Oddone & Souza, 2024). Ou se enxergarmos o problema sob outro ponto de vista, a ampla adoção do SciHub no Brasil e em todo o mundo reflete a resposta dos cientistas ao desgastado sistema de comunicação científica mantido pelas editoras internacionais. Além disso, reforça a relevância dos princípios da Ciência Aberta (Oddone & Souza, 2024).↩︎